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Escritor tem que saber tudo? Spoiler: não mesmo.

  • Foto do escritor: Uiara Mei
    Uiara Mei
  • 24 de jul.
  • 3 min de leitura

Texto já publicado no meu perfil no Substack - 23/07/2025


Hoje quero conversar sobre algo que vem me atravessando faz um tempo. Nem sei por onde começar — porque são várias camadas — mas quero evitar fadigas, ansiedade e ter que levar este assunto pra terapia (e olha que tô tentada).

Então vou tentar ser clara:


Escritor tem que saber tudo? Spoiler: não mesmo. Escritor precisa conhecer todos os gêneros ou subgêneros literários?


Não. Não precisa. E tá tudo bem.


Vamos lá: o escritor precisa ser alfabetizado, letrado, ter uma relação razoável com a língua e um conhecimento sólido o bastante pra sustentar sua narrativa. Só isso já é suficiente pra começar a escrever.


Se ele é graduado em Letras, ótimo. Ele vai receber ali um pacotinho pré-montado de conteúdos escolhidos por alguém que achou aquilo importante dentro de um planejamento didático (ancestral, muitas vezes engessado — sem desmerecer, só pontuando). Mas mesmo esse profissional não vai aprender tudo. Ele vai precisar correr atrás, se especializar, buscar mais — se quiser. E aí entra o ponto central: tudo isso depende da ambição e do modelo de carreira que esse escritor quer construir.


Voltando ao nosso foco: escritor não precisa dominar todos os gêneros literários. Ele vai, com o tempo, se aproximar mais daquilo que gosta, daquilo que o move, daquilo que ele sente que pode contribuir. É óbvio esperar que ele vá se aprofundar no que ama escrever — pode até virar especialista nisso, se for do seu interesse. Mas não é uma obrigação.


Existe um abismo entre:


  • Escrever um gênero (que exige técnica, estudo e prática)

  • Ler diversos gêneros por puro prazer, sem intenção de dominar suas estruturas.


E tudo bem se for assim.


Essa ideia de que um escritor precisa entender todos os subgêneros literários pra ser levado a sério me soa tão absurda quanto exigir que um pintor só possa ser considerado artista se dominar aquarela, óleo sobre tela, nanquim, graffiti, mosaico, escultura em mármore e ainda restaurar afrescos do Renascimento. Não, pô. Se ele pinta com o que ama, com o que domina, com o que expressa sua verdade — ele já é artista. O resto é escolha.


Do mesmo jeito, ninguém é obrigado a ler as 7 mil páginas de Ulisses, do James Joyce, anotando as camadas simbólicas e debatendo com cinco teóricos diferentes pra só então se sentir “autorizado” a escrever. Literatura não é vestibular. É vivência. É expressão. É escuta. É lapidação.


Um escritor pode tranquilamente saber o básico dos três gêneros clássicos: lírico, dramático e épico. Isso já é um mapa suficiente pra entender o terreno onde pisa. A literatura brasileira é vasta, rica, profunda — e ninguém precisa abraçar tudo pra ser legítimo.



O que não pode acontecer é o seguinte: usar sua régua de interesse pessoal pra medir a jornada do outro. Porque aí vira pedantismo disfarçado de “comprometimento literário”. E esse tipo de comparação — além de injusta — mata a criatividade alheia.


Por isso te digo, e me digo: Não estamos errados. Não estamos fazendo nada de errado.


O que estamos fazendo é traçar o nosso caminho de forma consciente, respeitando nossos limites, nossa verdade, nossa vontade de escrever com alma e com método — e não por obrigação enciclopédica.


Literatura é arte, não boletim escolar.



💭 Sentiu esse texto aí dentro?

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©2025 por Uiara Melo

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